As Cores Todas

O meu anjo da guarda veste preto
O sorriso mais doce que o mel
sorri com a alma
Todo ele é serenidade e calma
O meu anjo da guarda é discreto,
não faz juízo de valor
sabe ouvir, e dificilmente demonstra a sua dor
A sua pele não é de seda nem de marfim
É uma pele sulcada marcada,
por um tempo em que o tudo era nada,
mas é perfeita para mim
Mal dobro a esquina, de regresso a casa
ei-lo sentado de livro na mão ,
um abraço mais quente que o sol de verão
O meu anjo da guarda é uma rosa singela
para mim é a mais bela
O seu coração vagueia inquieto
O amor de sempre, cada vez mais perto
O meu anjo da guarda bateu asas e voou
O céu ganhou mais brilho
Enquanto no meu mundo uma luz se apagou

Texto By Susana C
Ilustração FCP

Arco-íris, num dia de chuva e  de sol
Macia, fria e mole
É assim a minha caixa pequena.
Bem lá do fundo, tirei uma hiena
Riu-se de mim e de ti também
Mandei-a embora, já não se ri de ninguém
Foi à caixa de novo
Desta vez saiu um ovo
Era um ovo estranho
Metade branco metade castanho
Voltei à caixa, procurei a galinha
Estava no ninho, bem escondidinha
Puxo aqui… enrolo ali…
Abro a mão e tenho um leão,
Tem juba azul e cauda amarela
É muito medroso, disfarçou-se de estrela
Pensei procurar a lua…
Mas ouvi uma voz que vinha da rua
-Ah, é a mãe!!!-vai zangar-se com certeza
A caixa está vazia, colou-se tudo na mesa!

Consegues adivinhar
O que esta caixa estava a guardar?

plasticina

Texto Susana C
Ilustração FC

Na cabeça um chapéu, com uma fita de estrelas
Um pouco de cabelo atrás das orelhas
No pequeno pescoço um laço pomposo
Amarelo e roxo muito vistoso
A camisa folgada tem cinco botões
Calças às riscas da cor dos limões
Nos sapatos gigantes, soltos os cordões
Se não tem cuidado vai aos trambolhões
Em cada mão, veste uma luva
Ali por perto tem um guarda-chuva
Faz malabarismo só com uma mão
Enquanto a outra segura um balão
Metade de bola, vermelho é o nariz
Sorriso rasgado da cor do giz
Olhos azuis pintados com arte
Escondem lágrimas se a tristeza bate

Texto By Susana C
Imagem FPC

Murmúrios de folhas ao vento.
Por entre elas raios de sol
da primavera advento
degelam o sobrante de Inverno.
Sob a sombra das árvores
e enquanto a noite se guarde
uma mãe baloiça o filho
num cadente balançar
para lá e para cá, para cá e para lá…
A cada balanço viajam os dois
vão pelas nuvens e apanham sóis.
Uma canção por companhia
eco da mais perfeita melodia
nas gargalhadas do menino
que som puro e cristalino.
A mãe sente-se gloriosa
Por possuir dádiva tão preciosa!

Texto by Susana
Imagem canstockphoto

Já fui ao fim do mundo
Já fui um barco à deriva
Já tive ausência de rumo
Já perdi a cor da vida

Não há vento que me leve
Nem mar que não navegue
Enquanto estiveres em mim
Enquanto formos assim

Regresso do fim mundo
Dobro o cabo das tormentas
Encontro a estrada ao fundo
Dou cor à vida cinzenta

Texto e Imagem By Susana C

É o pouco que é muito é o muito que é pouco
É chorar de alegria mesmo parecendo um louco
É rir às gargalhadas, para afrontar a tristeza
É estar lá no topo, é cair sem defesa
É sentir a chuva é sentir o calor
É contar o tempo em horas de amor
É andar e desandar, depressa ou devagar
É ir para lugar nenhum ou para qualquer lugar
É sair a perder, para chegar a ganhar
É convidar a sair, quem já não quer ficar
É um jogo jogado, para o tudo e o nada
É a avó a dizer ”- a vida é uma carta fechada”
É ontem é hoje é o amanha de seguida
É vida a correr na corrida da vida

Texto e imagem By Susana C

No seu castelo encantado, de nuvens de algodão
Ele olha do alto, o mundo na palma da mão
Tem o balanço no corpo, pé à frente pé atrás
se escorrega levanta-se, mostra do que é capaz
Envolto na armadura toda feita de afeto
vive em constante aventura, no seu reino secreto
navega por entre mares, vê a pequena sereia,
para ao seu norte voltar segue a luz da lua cheia

Vai o meu pequeno príncipe no seu cavalo de pau
A correr e saltar, p´ra agarrar o lobo mau
Vai o meu pequeno príncipe montado no seu dragão
Quer conquistar, novos mundos com a espada de cartão
Vai o meu pequeno príncipe meu caçador de estrelas
No seu olhar corajoso, carrega o brilho delas

Texto By Susana C
Imagem FPC

Vem ter comigo ao findar do dia,
no mesmo lugar de sempre
A chave está guardada onde só tu sabes.
Mas vem, antes que seja tarde
antes que a lua acorde e o sol adormeça.
Quando entrares, entra sozinho,
deixa lá fora tudo o que não importa
tudo o que não seja nosso.
Entra sem medo.
Não precisas de dizer nada,
os teus olhos respondem,
às perguntas retidas nos meus lábios.
Encosto o meu corpo ao teu
basta-me saber-te aqui!

Quando a história acabar
e o livro se  fechar,
perdura o pensamento
voz que ressoa ao vento
o pôr do sol de um dia de verão
o cheiro da chuva que molha o chão,
as cores de outono
os dias à lareira em suave abandono,
os beijos e os abraços,
os laços,
o riso  a alegria
a tristeza a  melancolia ,
as lágrimas caídas
e as que ficaram retidas,
as palavras infinitas
sussurradas, guardadas, escritas.

Quando a história acabar
E o livro se fechar
Permanecem as asas que te dei
(“- Vai voa!!!”- a cada voo acompanhar-te-ei.)
Persiste a memória
Guardiã da história
Refúgio libertador
Enquanto houver a saudade, fica o amor

Texo By Susana C
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